A excêntrica eleição francesa de 2017
O que aconteceu até aqui?
O primeiro turno das eleições francesas foi, no mínimo, sem precedentes. Isso porque é a primeira vez na história da Quinta República em que não se tem um candidato republicano ou socialista no 2º turno, isto é, representantes do que, na França, é visto como direita e esquerda mais tradicionais. Os candidatos que passaram para o segundo turno, Emmanuel Macron e Marine Le Pen, assim como a expressiva votação obtida pelo candidato de esquerda Jean-Luc Mélenchon, mostram um eleitorado francês insatisfeito com as opções políticas tradicionais e dispostos a votar em alternativas.
Figura 1. Resultados do Primeiro Turno - fonte:Ouest-France
No caso do PS, deve ser levado em consideração que os insucessos do governo Hollande teriam um impacto negativo, qualquer que fosse o candidato. Além disso, as eleições trouxeram um PS dividido, já que o candidato que venceu as primárias, Benoît Hamon, tinha um programa considerado mais à esquerda e menos moderado do que aquele de Manuel Valls, primeiro ministro de Hollande e visto como seu sucessor natural. Sem os votos daqueles mais moderados, que penderam para Macron, e com uma campanha menos atrativa para a esquerda que a de Jean-Luc Mélenchon, Hamon teve uma votação praticamente inexpressiva para um candidato do PS à presidência e não teve apoio inclusive de Valls, que preferiu apoiar o candidato do “En Marche!” Emmanuel Macron.
Quanto à direita tradicional, representada pelo partido “Les Republicains”, resultado das primárias também acabou sendo prejudicial para o partido. Alain Juppé, que era favorito mas perdeu para François Fillon, é, ainda hoje, o nome mais popular da direita no país, segundo uma pesquisa de popularidade realizada após o primeiro turno. Visto como mais moderado do que Fillon, ele tem uma boa aprovação entre os franceses que simpatizam com a esquerda (33% o veem favoravelmente, contra 6% de Fillon) e para o eleitorado geral fica somente atrás de Macron (41%) e Mélenchon (38%) na pesquisa realizada pela agência Odoxa até o dia 27 de abril:
2.fonte: ODOXA
Já Fillon teve uma candidatura bastante conturbada à presidência. Visto como um dos favoritos ao segundo turno inicialmente, uma série de acusações de desvio de recursos no nome de sua esposa, Penélope. Acusado de nepotismo, o candidato viu sua popularidade em queda e perdeu uma boa quantidade de votos, de forma que o 3º lugar no primeiro turno representou o fim do seu favoritismo.
Com o primeiro turno das eleições francesas, um dos nomes que mais cresceu em relevância é o de Jean-Luc Mélenchon. Candidato do movimento “France Insoumise”, uma aliança de vários partidos de esquerda, Mélenchon conseguiu um expressivo 4º lugar no primeiro turno, após obter mais de 7 milhões de votos. Por vezes comparada à do candidato Bernie Sanders nas eleições americanas, sua campanha conseguiu ampla repercussão entre os setores mais jovens do eleitorado, entre os quais o candidato ficou em primeiro lugar. O programa de Mélenchon era voltado para questões sociais e relacionadas ao meio ambiente, além de um posicionamento crítico a União Europeia atual e principalmente a defesa de uma revisão do sistema político francês a partir de uma nova Constituição feita com consultas à população.
O que o resultado do 1º turno significa para a política francesa?
Ainda que o resultado pareça ser uma derrota do “establishment” político francês, isso não significa necessariamente seu enfraquecimento absoluto. Duas coisas apontam para essa conclusão: primeiro, o 3º lugar obtido por Fillon, mesmo após diversas acusações, demonstrou uma porcentagem do eleitorado que se manteve fiel aos “Republicains”. Além disso, por mais que assuma um discurso de que é “anti-establishment”, vale lembrar suas origens de Macron no mercado financeiro, além de até menos de uma no atrás ter sido ministro de François Hollande.
Quem é Macron? O que é o “En Marche!”?
(Macron, o favorito para o Eliseu?)
Com apenas 39 anos, Emmanuel Macron é o favorito no segundo turno das eleições francesas. Filho de médicos, estudou quando jovem em escolas privadas, e graduou-se na renomada ENA (Escola Nacional de Administração, em português), após o qual teve um breve período como funcionário público. Após isso, foi consultor financeiro do Rotschild & Cie, motivo pelo qual ainda hoje é questionado sobre suas ligações com o grande capital.
Foi membro do partido Socialista (PS) de 2006 até 2009, e depois participou ativamente do governo de François Hollande. De 2012 a 2014, teve o cargo de Secretário-Geral Adjunto da Presidência da República, que diferentemente do Secretário-Geral, costuma ser uma indicação técnica. Em 2014, assumiu como ministro da Economia e Industria encarregado de missão de retomar o crescimento. Para isso, assumiu uma agenda de reformas que foi objeto de muitas críticas da esquerda. A chamada “Lei Macron”, aprovada em 2015, foi motivo de forte polarização, enfrentando resistências tanto por parte de membros do próprio PS, que a viam como liberal demais, quanto por parlamentares de direita, que, apesar de muitos concordarem com as propostas, simplesmente votaram contra pelo fato de ser uma lei que partia de um governo do PS.
Entender os entraves que Macron teve como ministro é fundamental ao se analisar o movimento criado em 2016 por ele, denominado “En Marche!”. Em agosto de 2016, ele deixa seu posto de ministro para começar a trabalhar em uma candidatura à presidência. O “En Marche!” busca se distanciar dos dois principais partidos franceses, com um discurso mais voltado para questões práticas do que para ideais, afirmando a necessidade de uma alternativa que se propõe a dialogar com os dois lados do espectro político para realizar suas propostas. O movimento, que no início era visto com descrença por boa parte dos analistas, ganhou muita força em seu breve período de existência, sobretudo com o crescimento de Macron nas pesquisas.
Marine Le Pen e o “Front National”
(Le Pen, a desafiante anti-sistema)
A candidata Marion Anne Perrine Le Pen, conhecida como Marine Le Pen, apesar de não ser considerada pelos analistas a grande favorita para o segundo turno das eleições francesas, vem buscando angariar cada vez mais apoio entre a população francesa, conseguindo sobretudo explorar um sentimento generalizado de frustração presente entre a classe trabalhadora do país, como forma de superar seu forte adversário Emmanuel Macron. Desde sua infância, Marine vivenciou intensamente os efeitos estigmatizantes que a militância de seu pai, Jean-Marie Le Pen, nos quadros partidários do “Front National” – partido do qual foi fundador e primeiro líder –, trouxeram à sua família.
Em sua vida acadêmica, Marine graduou-se e obteve mestrado em Direito pela Universidade Pantheon-Assas em 1991, concluindo uma pós-graduação em estudos avançados sobre direito criminal no ano seguinte. Somado a essa especialização na área das leis e de um período de experiência como advogada, com a candidata mostrando-se bastante hábil em dominar a arte da retórica, o fator psicológico anteriormente ressaltado é visto como uma das causas para que Marine Le Pen tenha incorporado um aspecto particularmente forte do ponto de vista emocional a seu discurso político – possibilitando inclusive sua ascensão dentro do “Front National” – e, por consequência, à sua plataforma eleitoral, logrando angariar surpreendente apoio entre os eleitores, na segunda vez na história do partido em que um candidato de seus quadros consegue passar ao segundo turno das eleições presidenciais francesas, com a primeira vez tendo sido justamente com Jean-Marie Le Pen, na disputa contra Jacques Chirac no ano de 2002, vencida pelo segundo.
Em sua carreira política, Marine Le Pen seguiria os passos de seu pai na política e se filiaria, aos 18 anos de idade, ao “Front National”, partido ligado à defesa de agendas políticas conservadoras e ultranacionalistas desde sua fundação, em 1972. É pertinente atentar para a relação inicialmente harmônica, posteriormente dúbia e finalmente caracterizada por uma ruptura profunda, no âmbito interno do FN, que Marine Le Pen desenvolveu com Jean-Marie ao longo dos anos de sua carreira política. Tendo evidentemente sido incorporada aos quadros do partido a partir do exemplo e da influência de Jean-Marie Le Pen, Marine atuou como conselheira municipal, conselheira regional por três vezes e conseguiu se eleger como eurodeputada duas vezes.
No entanto, apesar de haver sido tratada como herdeira política de seu pai por muito tempo, progressivamente diverge de suas posturas políticas e finalmente rompe com Jean-Marie internamente ao “Front National”, conquistando a presidência do partido no ano de 2011, depois de quase quarenta anos sob a liderança de seu pai, com o desafio de transformar a imagem do “Front National”, historicamente bastante criticada, para o eleitorado francês. Entre alguns pontos mais famosos das agendas da FN rotuladas como ultranacionalistas, além do conservadorismo característico, encontram-se: a defesa de restrições à imigração, frequentemente vistas como xenófobas ou mesmo racistas; uma postura econômica mais intervencionista e protecionista, voltada, segundo o discurso oficial, para os interesses nacionais; o ceticismo profundo à integração europeia, nos moldes construídos pela União Europeia, e a postura crítica ao globalismo entendido de maneira difusa.
Valendo-se de uma posição proeminente conquistada dentro de seu partido político, somada a seu cargo de eurodeputada, a partir do qual conseguiu levar ao âmbito da União Europeia uma renovação do euroceticismo francês, uma das principais e mais polêmicas propostas de Marine Le Pen é de que, sendo eleita, seguindo o exemplo do “Brexit” levado a cabo pelo Reino Unido, irá advogar pela consolidação do “Frexit”, ou seja, pela retirada da França da União Europeia, instituição internacional da qual o país é membro-fundador, uma decisão que certamente teria enorme impacto ao processo de integração europeu.
Principais questões políticas e programas de governo.
Uma análise do programa de governo dos dois candidatos mostra alguns elementos de aproximação, e um bom número de pautas diametralmente opostas. De forma geral, Macron e Le Pen têm visões bastante distintas do que a França representa e deve representar.
O programa de Le Pen, conforme ressaltado anteriormente, tem forte teor nacionalista. Além de propor um referendo para saída da União Europeia (“Frexit”), ela também defende a saída imediata do espaço Schengen e um fortalecimento do controle das fronteiras. Seu programa é voltado para a defesa da identidade, valores e tradições francesas, e explicitamente afirma que a assimilação cultural é mais importante do que a integração. Por conta disso, pretende privilegiar o ensino da língua francesa nas escolas e, ao mesmo tempo, suprimir o ensino de outras línguas e culturas. A candidata do FN também vê como necessária a saída da OTAN, a recusa de acordos de livre-comércio e uma aproximação estratégica com a Rússia.
Já Macron, considerado o candidato mais pró-União Europeia desde o primeiro turno, apresenta um programa que vê na integração europeia o melhor caminho para a França. Reconhece a necessidade de ajustes na UE, e por isso considera que, após as eleições alemãs, serão necessárias convenções democráticas para a construção de um projeto político comum, que envolva a possibilidade daqueles que quiserem intensificar a convergência fiscal, social e energética entre os países. Outra proposta importante é de um fortalecimento do plano de investimento europeu.
O terrorismo islâmico é um tema presente em ambos os programas. Le Pen é mais enfática, defende a expansão do sistema penitenciário – algo que Macron também propõe, só que em menor escala – e o estabelecimento de uma pena de prisão perpétua. Além disso, diversas medidas anti-imigração são propostas, como impossibilitar a regularização de migrantes ilegais, reduzir os números de migrantes legais a 10 mil por ano, fim da naturalização por casamento, do direito de solo (naturalização daqueles que nascem em território francês, sendo esta obtida apenas por filiação) e da dupla nacionalidade extra-europeia.
Já Macron defende que o conhecimento da língua francesa seja o principal critério de naturalização. Ele afirma que os pedidos de asilo serão avaliados em até 6 meses e que aqueles recusados serão extraditados aos seus países de origem, evitando assim que se tornem clandestinos na França. O candidato também defende que a discriminação seja combatida.
Os dois candidatos defendem medidas semelhantes quanto a mesquitas e locais de culto suspeitos de apologia ao terrorismo. Ambos defendem que devem ser fechados aqueles em que se comprove tal atividade. Macron defende cursos de valores franceses e língua francesa para autoridades religiosas e Le Pen quer o fim de qualquer tipo de financiamento estatal a locais de culto.
Ambos os candidatos defendem alocar pelo menos 2% do PIB para defesa. Macron defende a criação de um Estado-Maior permanente de combate ao terrorismo e a atuação conjunta com a Europa em estabelecer uma guarda de fronteira. Le Pen vê como necessário estimular a indústria bélica francesa e planeja construir um novo porta-aviões, de nome “Richelieu”.
O nacionalismo de Le Pen é evidente em suas propostas para a indústria e agricultura. Ela almeja uma re-industrialização da França, com a retomada de uma moeda nacional (o que significaria o abandono do Euro) e medidas de protecionismo para fortalecer a indústria francesa. Ela também afirma que irá taxar a contratação de estrangeiros por parte de empresas.
O programa de Macron tem como um de seus objetivos principais a busca por uma retomada econômica da França. O caminho para isso seria, segundo sua plataforma eleitoral, através do estimulo a empreendedores, com combate à precariedade, simplificação dos requisitos para quem deseja empreender e expansão do seguro-desemprego a essa categoria. Além disso, ele deseja aumentar o poder de compra dos trabalhadores através da redução de impostos. Algo que ele considera fundamental é flexibilizar as negociações trabalhistas em relação a horários de trabalho, de forma que a feita no âmbito das empresas tenha prioridade nas negociações de categoria, questão sobre a qual Le Pen se opõe. Simplificar o acesso a informações sobre empreender também está nos planos do líder do “En Marche!”.
Qual a posição dos outros candidatos?
Em relação ao apoio dos candidatos derrotados no primeiro turno, Macron tomou a dianteira. Ele já tinha apoio de nomes importantes do PS desde o primeiro turno, e agora o partido efetivamente apoia sua campanha.
3. fonte: facebook do “Parti Socialiste”
Com o apoio de François Fillon, que logo após a derrota afirmou que votará em Macron, significa que o candidato do “En Marche!” agora conta efetivamente com o apoio dos dois principais partidos franceses: “Le Republicains” e “Parti Socialiste”, além do presidente François Hollande. Também já pode-se notar que a prioridade atual para Fillon são as eleições legislativas de junho.
Por sua parte, Marine Le Pen firmou aliança com Nicolas Dupont-Aignan, candidato do partido “Debout la France”, autoproclamado gaullista e soberanista, e que obteve cerca de 4% dos votos no primeiro turno. Em caso de vitória de Le Pen, Dupont-Aignan, reconhecidamente eurocético, será primeiro-ministro do novo governo. Marine também gravou recentemente um vídeo em que se dirige aos eleitores de Jean-Luc Mélenchon elogiando a campanha feita pelos “Insoumis”, afirmando a necessidade de barrar Macron, a quem ela se refere como banqueiro, e seu projeto, que representaria, segundo ela, a continuidade do governo Hollande, que sofre bastante rejeição por parte do eleitorado.
Sobre Mélenchon, na sexta-feira (28/4), ele publicou um vídeo no qual esclarece sua posição. Ressaltando a vontade de que os eleitores da “France Insoumise” se mantenham unidos para as eleições legislativas de junho, e afirmando não ser guru ou guia de ninguém, Mélenchon preferiu não fazer uma recomendação de voto. Ele afirmou que ambos os candidatos têm projetos que vão dividir a França, sendo um de extrema-direita e o outro de “extrema-finança”. No entanto, fez questão de ressaltar que, por sua trajetória e valores, é evidente que não votará no “Front National” e que, mesmo que todos saibam qual será seu voto, ele não dará apoio explícito a nenhum candidato.
Pesquisas e previsões para o 2º turno.
Assim como nas eleições de 2002, em que Jacques Chirac ganhou ampla maioria no segundo turno contra o pai de Marine, Jean-Marie Le Pen, as pesquisas mais recentes indicam Emmanuel Macron com boa vantagem sobre Marine. Um compilado de pesquisas feita pelo site BFMTV até o dia 22 de abril, (envolvendo pesquisas de Elabe, l’Ifop, Odoxa, Kantar-Sofres, BVA e CSA) coloca Macron com 63% contra 37% de Le Pen.
4. fonte: BFMTV
Além disso, pesquisas mais recentes, da Odoxa (até dia 27/4) e BVA (até 28/4) colocam Macron com uma pequena queda em sua vantagem, que ainda é ampla de 59% das intenções de voto em relação a 41% de Le Pen.
Pesquisa Odoxa 27/4:
5. fonte: ODOXA
Sites para se atualizar sobre as pesquisas:
http://www.bva-group.com/sondages/20eme-vague-dintentions-de-vote-1-semaine-du-2nd-tour-de-lelection-presidentielle/
http://www.odoxa.fr/sondage/apres-whirlpool-de-melenchon-lecart-se-resserre-nettement-entre-2-finalistes/
http://opinionlab.opinion-way.com/dokumenty/PresiTRACK-OpinionWay-Orpi-Resultatsdelasemainedu24au28avril.pdf
http://www.ifop.com/?option=com_homepage
IMAGENS:
http://www.ouest-france.fr/elections/resultats/
http://www.odoxa.fr/sondage/barometre-politique-melenchon-perd-terrain-a-gauche-apres-premier-tour/
https://www.facebook.com/partisocialiste/photos/a.10150868027158957.521352.71144068956/10156092116668957/?type=1&theater
http://www.bfmtv.com/politique/sondage/
http://www.odoxa.fr/sondage/apres-whirlpool-de-melenchon-lecart-se-resserre-nettement-entre-2-finalistes/
FONTES:
https://www.marine2017.fr/programme/
https://storage.googleapis.com/en-marche-fr/COMMUNICATION/Programme-Emmanuel-Macron.pdf
http://www.bva.fr/fr/sondages/20eme_vague_d_intentions_de_vote_a_1_semaine_du_second_tour_de_l_election_presidentielle.html
http://www.lefigaro.fr/flash-actu/2017/04/28/97001-20170428FILWWW00241-le-pen-exhorte-les-electeurs-de-melenchon-a-faire-barrage-a-macron.php
https://www.youtube.com/watch?v=HcMV4Fa51Cs
http://www.lefigaro.fr/elections/presidentielles/2017/04/29/35003-20170429ARTFIG00055-si-marine-le-pen-est-elue-presidente-nicolas-dupont-aignan-sera-son-premier-ministre.php
https://avenirencommun.fr/app/uploads/2017/04/170404_programmeCourt_final.pdf
http://www.lci.fr/elections/alain-juppe-pas-candidat-critique-francois-fillon-militants-les-republicains-2028224.html
http://tempsreel.nouvelobs.com/en-direct/a-chaud/36419-presidentielle2017-macron-hollande-francois-hollande.html
http://www.lemonde.fr/les-decodeurs/article/2017/04/23/emmanuel-macron-et-marine-le-pen-deux-programmes-que-presque-tout-oppose_5116067_4355770.html
http://www.bbc.co.uk/news/resources/idt-sh/marine_le_pen
http://www.bbc.co.uk/news/resources/idt-sh/emmanuel_macron
http://www.economist.com/news/europe/21635835-economy-minister-must-convince-brussels-his-reforms-are-liberal-and-paris-they-are-not-macrons
http://www.lemonde.fr/les-decodeurs/article/2016/08/30/quel-bilan-pour-emmanuel-macron-au-gouvernement_4990086_4355770.html
http://publications.ut-capitole.fr/18905/1/Sec.%20G%C3%A9n.%20Elys%C3%A9e%20et%20cabinet%20Matignon.pdf
http://citizenpost.fr/2017/02/presidentielles-2017-social-resume-programmes-candidats-officiels/
http://www.ifrap.org/node/6093#
https://www.rtbf.be/info/economie/detail_le-pen-et-macron-deux-projets-economiques-que-tout-oppose?id=9588666
https://www.rtbf.be/info/monde/detail_presidentielle-francaise-2017-qui-est-marine-le-pen?id=9573075
https://www.rtbf.be/info/monde/detail_presidentielle-francaise-2017-qui-est-emmanuel-macron?id=9574199