Eleição Presidencial Iraniana
Foto: Os seis candidatos que disputam a presidencial iraniana no segundo debate transmitido ao vivo. - Maio 05, 2017 Pars Today.
As eleições presidenciais iranianas serão realizadas no dia 19 de maio de 2017. Esta será a décima segunda eleição presidencial no Irã. Em paralelo às eleições presidenciais, serão realizadas eleições locais que consistem na eleição de uma legislatura (o Majlis), e um Parlamento, também chamado de Assembleia Consultiva Islâmica que possui 290 membros. As três eleições ocorrem a cada quatro anos e o presidente pode tentar se reeleger uma vez.
Qualquer cidadão iraniano nascido no país que tenha mais de 21 anos, acredite em Deus, siga a religião oficial (Islã) e a Constituição pode se registrar como candidato. A candidatura de mulheres não é permitida, as que tentam nem chegam ao Conselho dos Guardiões da Constituição, que é o órgão responsável por rejeitar ou aprovar as listas de candidatos de todas as eleições, com exceção das eleições locais. O conselho não anuncia publicamente a razão de suas decisões e são muitos os inscritos. Em 2009, por exemplo, cerca de 36.000 pessoas tentaram se candidatar à presidência. O conselho costuma admitir mais as candidaturas conservadoras. Para a eleição de 2017, as nomeações do ex-presidente Mahmoud Ahmadinejad e seu vice-presidente Hamid Baqai foram rejeitadas e apenas seis candidatos foram aprovados, entre eles, o atual presidente do país, Hassan Rouhani.
Entre os 55 milhões de iranianos registrados para votar na eleição, 2,5 milhões vivem no exterior. Por isso, serão estabelecidos pelo Irã postos de votação em 103 países, contudo, devido à falta de relação diplomática entre o país e o Canadá, os 400 mil iranianos que vivem neste país não terão colégios eleitorais disponíveis para voto no território. Em respeito à democracia e aos direitos civis, os iranianos que residem no Canadá terão de votar nas urnas norte americanas.
Candidatos à presidência
Hassan Rouhani:
Atual presidente iraniano, advogado, ex-diplomata, detentor de diversos cargos na administração estatal iraniana desde membro do Parlamento Iraniano até Secretário do Conselho de Segurança do país persa, Rouhani se candidatou para a reeleição em fevereiro de 2017 e representa um projeto modernizador, de crescimento econômico iraniano em longo prazo e principalmente é tido como um moderado frente às relações domésticas e externas iranianas para com o ocidente.
Durante seu mandato tomou medidas que facilitaram o turismo no país e defende a bandeira de direitos civis e de garantia de liberdade na vida privada da população. É membro e candidato do Moderation and Development Party, partido de centro e alinhado com o pragmatismo político e é ocasionalmente classificado como “reformista”, mesmo que ainda represente uma força que defende e apoia o atual arranjo político iraniano.
Mohammad Bagher Ghalibaf: Candidato conservador às eleições iranianas, é membro da Guarda Revolucionária iraniana e atuou como comandante da Força Aérea Iraniana durante o final da década de 90 até o início dos anos 2000 e é veterano da Guerra Irã-Iraque. Candidato derrotado nas eleições de 2005, tendo por volta de quatro milhões de votos, retorna ao pleito em 2013, porém desta vez alcançando a marca dos seis milhões de votos e perdendo para o então presidente Hassan Rouhani. Atualmente, Ghalibaf é prefeito da capital iraniana, em seu segundo mandato, e professor na Universidade de Teerã, sendo detentor de um Ph.D. em geopolítica pela Universidade de Tarbiat.
Filho de pai curdo e mãe persa, Ghalibaf é membro do Progress and Justice Population of Islamic Iran, partido pelo qual disputou as eleições em 2013, uma força do campo conservador iraniano fundado em 2008 e que, desde então, vem apresentando fraco desempenho nacionalmente, possuindo apenas uma das 290 cadeiras no parlamento nacional iraniano. Frente ao fraco desempenho nacional de seu partido, Ghalibaf não passa pela mesma situação na administração municipal de Teerã, aonde seu partido detém 48% dos assentos.
O candidato conservador investe bastante na imagem de “força”, “pró-atividade”, afirmando que é o nome capaz de “fazer as coisas acontecerem”. Marcado por vestir desde ternos mais modernos e até mesmo seus uniformes militares, Ghalibaf investe em slogans políticos similares aos de Bernie Sanders e do Occupy Wall Street, quando se coloca como representante de “96% dos produtores e operários frente aos 4% de aproveitadores”. Ghalibaf possui bom diálogo com classes mais baixas e com a classe média em geral, defende e promete a criação de cinco milhões de empregos nos primeiros anos de governo e o encaminhamento da diplomacia iraniana com o objetivo de fortalecer a economia do país.
Ebrahim Raisi:
É o candidato mais atrelado tanto ao islã quanto a carreira pública e de gestão. É membro do clero do país, sendo candidato pela Combatant Clergy Association, uma organização política que busca se dissociar da imagem padrão de um partido político, mas que de fato funciona como tal, possuindo uma aproximação e maior identificação com a ala conservadora do islã e da população iraniana. Raisi é advogado e desempenhou importante papel como promotor, tanto de Teerã como enquanto promotor chefe do Irã, que é considerado no país como o “chefe” do sistema judiciário iraniano.
Raisi foi em 2016 o nome apontado pelo Popular Front of Islamic Revolution Forces, grupo das principais lideranças conservadoras, fundado em 2016 para indicar um candidato único e impedir a fragmentação do eleitorado frente a forte candidatura de Rouhani para disputar o pleito em 2017. Acusado de populismo, Raisi afirma que seu mandato será regido pelos princípios da responsabilidade religiosa e revolucionaria. Ele se classifica diversas vezes como um “homem do povo” e busca reforçar a imagem de que Rouhani, seu principal opositor no pleito, se distancia da identidade nacional iraniana e não preza pela moralidade do país.
Eshaq Jahangiri:
Atual primeiro vice-presidente da administração Rouhani, Jahangiri fora ministro de Minas e Indústria durante o governo de Mohammad Khatami, ex-presidente iraniano que precedeu Mahmoud Ahmadinejad, de 1997 a 2005. Foi governador da província de Isfahan e atuou como membro do Parlamento por dois mandatos. Candidato pelo Executives of Construction of Iran Party, partido reformista que compõe grupo político para encabeçar e encaminhar mudanças e reformas no atual regime. Sua candidatura foi analisada e recebida pela crítica como uma medida para apoiar o atual presidente Rouhani uma vez que é o candidato que, além de participar da atual administração do país, possui posicionamento ideológico mais próximo do atual presidente.
Jahangiri declarou em sua campanha que teria papel “complementar” ao do atual presidente. Sendo assim, espera-se que ele possa até mesmo vir a retirar sua candidatura nos momentos finais da eleição, buscando assim maximizar o eleitorado reformista em torno de seu companheiro de gestão. Em sua campanha, o atual vice-presidente iraniano, não teve, durante os debates, o objetivo de desqualificar ou atacar a atual gestão, mostrando assim que o seu objetivo nessa campanha é o de apoiar o governo na reeleição e, portanto, não representa efetivamente uma ameaça ao presidente.
Mostafa Mirsalim:
Engenheiro e conservador, Mirsalim foi ministro da cultura do Irã de 1994 a 1997, integrando a base do governo Hashemi Rafsanjani, ex-presidente iraniano morto por um ataque cardíaco e que governou o Irã de 1989 a 1997 pelo Combatant Clergy Association. Mirsalim desempenhou papeis importantes, não só na administração Rafsanjani, tendo sido também conselheiro pessoal do atual Aiatolá Khamenei enquanto este exerceu o mandato de presidente do Irã de 1981 a 1989.
Mostafa Mirsalim concorre como candidato pelo Islamic Coalition Party, partido que possui características conservadoras quanto ao seu aspecto social e indicações liberais quanto a orientação econômica. O partido é considerado um aliado da Combatant Clergy Association, que possui também candidatura própria no pleito, e representa um eleitorado conservador que vem perdendo espaço nos últimos anos dentro do Irã. Por possuir forte base dentre comerciantes e pequenas burguesias urbanas, em particular Teerã, o Islamic Coalition Party é uma grande força no cenário nacional, porém uma força em decadência frente as novas orientações do movimento conservador iraniano.
Mostafa Hashemitaba: Candidato que também pertence ao mesmo partido de Eshaq Jahangiri, o Executives of Construction of Iran Party, Hashemitaba busca emplacar uma agenda e um debate em torno do meio ambiente e procura defender seu ponto de vista centrista. Foi vice-presidente do Irã de 1994 a 2001, ministro da indústria por pouco menos de um ano, de 81 a 82. Sua última grande aparição e envolvimento com a imagem pública do país foi como chefe do Comitê Olímpico iraniano em duas oportunidades, de 1986 a 1988 e 1996 a 2004.
Pesquisas de opinião: Não é incomum no Irã que os meios de comunicação publiquem relatórios de pesquisas de opnião sem serem divulgadas informações metodológicas de base que as corrobore. Os índices das pesquisas afetam as escolhas de voto. Segundo o pesquisador Ebrahim Mohseni, da Universidade de Teerã, o voto estratégico foi fator essencial na vitória de Rouhani no primeiro turno de 2013, isso porque, mesmo preferindo votar em Ghalibaf, um quarto dos eleitores de Rouhani votou nele para impedir que outros candidatos chegassem ao segundo turno. Além disso, podem ocorrer oscilações nas pesquisas durante a campanha eleitoral. Em 2013, por exemplo, Ghalibaf liderou algumas pesquisas. As campanhas cessam 48 horas antes da votação. Antes disso, no decorrer da corrida eleitoral, a Radiodifusão da República Islâmica do Irã (IRIB) fornece a cada candidato a oportunidade de participar de três sessões de debate sobre política, economia e questões sociais. São disponibilizados, ao todo, 555 minutos por candidato para programas eleitorais transmitidos por canais televisivos e de rádio. Após críticas, a Comissão de Monitoramento da Campanha Eleitoral teve de voltar atrás na sua decisão de transmitir pré-gravados os debates entre os candidatos ao invés de ao vivo. A comissão também recebeu críticas por disponibilizar um tempo adicional ao atual presidente Rouhani.
Foto: Os resultados de pesquisas de opinião conduzidas pelo Washington DC baseada nas Perspectivas Internacionais para a Opinião Pública (IPPO)
Fontes http://www.rajanews.com/news/143168 https://www.theguardian.com/world/2013/oct/18/iran-opens-doors-to-tourists https://www.criticalthreats.org/briefs/iran/iran-presidential-election-tracker-updates-and-analysis https://www.theguardian.com/world/2013/sep/19/hassan-rouhani-vision-iran-free http://theiranproject.com/blog/tag/iran-presidential-election-2017/ http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2014/05/rouhani-hosseinian-presidency.html https://www.theguardian.com/world/2017/may/04/shadow-candidate-in-iranian-election-overshadows-rouhani https://en.wikipedia.org/wiki/Opinion_polling_for_the_Iranian_presidential_election,_2017 http://www.al-monitor.com/pulse/originals/2017/04/iran-opinion-polls-maryland-ipos-rouhani-ghalibaf-raisi.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Elei%C3%A7%C3%B5es_no_Ir%C3%A3 http://parstoday.com/pt/news/iran-i18532-ir%C3%A3_2017_candidatos_presidenciais_oferecem_planos_pol%C3%ADticos_e_culturais_no_2%C2%BA_debate_ao_vivo http://www.bbc.com/news/world-middle-east-39670302