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Grandes embates distritais na eleição britânica


(Mapa eleitoral de 2017. Fonte: The Guardian)

A eleição geral do Reino Unido surpreendeu a todos os partidos, tanto os grandes, quanto os menores. A eleição viu o avanço do Labour (que ganhou 31 MP’s), o crescimento moderado do Liberal Democrat (que ganhou três cadeiras), a perda da maioria pelo Conservative na House of Commons (perdendo 12 distritos), o forte recuo do SNP (que não contará mais com 19 MP’s), entre outros. Um partido menor que também merece uma menção devido à forte queda é o UKIP, que perdeu grande parte de todos os votos que havia conseguido na última eleição, caindo de 32% dos votos em média, nos distritos onde melhor havia se saído em 2015, para uma média de 8% dos votos, nos distritos onde foi mais popular em 2017.

Os Tories tiveram uma noite ruim, mas nem tudo foi perdido. Mantiveram-se como o maior partido mas sem a maioria, o que implicará num hung parliament, isto é, num parlamento em que uma coalizão deve ser formada para que possam sustentar um primeiro-ministro. Talvez a única boa notícia da noite para os Tories tenha vindo da Escócia, onde o partido tomou 13 assentos do SNP e com isso foi capaz de amenizar os danos sofridos no País de Gales e na Inglaterra. Os Tories conseguiram uma vitória muito relevante em Angus, distrito em que Mike Weir, o líder do SNP em Westminster, havia sido eleito em 2015 com 25% de vantagem; além de Angus, os Tories obtiveram surpreendentes vitórias no distrito de Stirling, de Ayr, Carrick & Cummnock e no de Banff & Buchan, nos quais o SNP havia obtido uma maioria de mais de 20% nas eleições anteriores. Um distrito que conseguiram manter mas com muito sofrimento foi Hasting & Rye, de Amber Rudd. Ela é a Secretária de Estado para assuntos internos, mas obteve uma fraca maioria de 0,6% dos votos.

Um dado que vale a pena ressaltar foi a disputa peculiar no assento da primeira-ministra Theresa May, em Maidenhead. Algumas figuras excêntricas se destacaram como um Elmo gigante (o personagem da Vila Sésamo) e o Lorde Buckethead. O segundo inclusive já concorreu contra outros primeiros-ministros, como Margaret Thatcher e Jonh Major, contando inclusive com seu próprio manifesto eleitoral e político.

(Grande exemplo da democracia britânica. Fonte: BBC News)

O Labour foi o grande beneficiário da noite, mesmo não tendo conseguido garantir uma maioria, nem mesmo em caso de uma aliança com o SNP ou com o LibDem. Na eleição de ontem, os trabalhistas recuperaram muito do que haviam perdido em 2015 e agora têm melhor posição política para avançar suas propostas. Entre os distritos mais importantes onde avançou sobre os Tories, destacam-se: Battersea, onde o partido conseguiu retirar a secretária do Tesouro de Theresa May, Jane Ellison, de Westminster; Croydon Central, onde o secretário de habitação Gavin Barwell foi derrotado pela candidata do Labour, Sarah Jones; Ipswich, onde o autor do manifesto do Conservative Party e secretário do Gabinete (Cabinet Officer minister) Ben Gummer foi derrotado por Sandy Martin, também do Labour; há ainda outros como Stockton South, Vale of Clwyd e Canterbury em que o Labour superou os Tories, para formar um conjunto de importantes vitórias. Além de ganhos sobre os Tories, o Labour também avançou significativamente na Escócia ao ganhar 7 distritos, onde o SNP perdeu a hegemonia conquistada em 2015. Além disso, o Labour também superou o LibDem em Sheffield Hallam, de maneira a tomar o distrito de Nick Clegg, ex-líder do partido Liberal Democrata. Outros resultados surpreendentes foram a vitória em Cantebury, controlado desde 1918 pelos Tories, e Kensington, um distrito de Londres que desde a sua criação nos anos 70, nunca tinha saídos das mãos dos Conservadores. As duas grandes perdas pelo Labour foram Stoke-on-Trent South e Middlesbrough South & Cleveland East, distritos tradicionais do partido.

Outro partido que se beneficiou da eleição foi o Liberal Democrat, que, mesmo tendo perdido seu antigo líder no Parlamento, aumentou sua bancada na House of Commons em três assentos. O LibDem chamou atenção por não ter conseguido se sair vitorioso em distritos onde antes havia ganhado, com a derrota de Nick Clegg como maior exemplo. No entanto, o partido conseguiu capitalizar em cima da queda do SNP e também avançar sobre território conservador: em Oxford West e Abingdon, a candidata Layla Moran, do LibDem, ganhou o distrito em que disputava contra Nicola Blackwood, o secretário de Saúde de May, que defendia uma vantagem de 16,74% obtida na eleição de 2015; em Twickenham, o LibDem conseguiu uma vitória importante por retomar o distrito que havia sido ganho pelos Tories em 2015 e, talvez ainda mais importante, por colocar o ex-secretário do Tesouro do governo de coalizão formado entre o LibDem e os Tories e influente figura do partido Liberal Democrata, Sir Vince Cable, de volta no parlamento.

Em Gales, o Plaid Cymru fez crescer sua bancada na House of Commons ao ganhar o distrito de Ceredigion com uma diferença de menos de 300 votos, num distrito que havia sido ganho pelo LibDem em 2015. Com a derrota em Ceredigion, os Liberais Democratas perderam seu último representante do país de Gales, o que nunca antes havia acontecido com o partido desde sua fundação em 1859.

O jogo político na Irlanda do Norte tornou-se uma corrida de apenas dois cavalos, com os avanços tanto do Democratic Unionist Party quanto do Sinn Féin, com a exceção de uma candidata independente que pôde manter seu assento em North Down. O DUP ganhou em Belfast South, onde antes o Social Democratic and Labour Party havia mantido maioria; também foi maioria em South Antrim, onde o Ulster Unionist Party era quem liderava anteriormente. Já o Sinn Féin se saiu vitorioso em Foyle e Down South, distritos que haviam elegido o SLDP anteriormente; além disso, o Sinn Féin também foi vitorioso em Fermanagh & South Tyrone, que antes havia elegido o UUP. Dessa forma, o Ulster Unionist Party e o Social Democratic and Labour Party perderam todos os seus representantes na House of Commons.

Fontes:

http://www.independent.co.uk/news/uk/politics/election-results-latest-theresa-may-must-go-heidi-alexander-tory-mp-resign-conservatives-a7782441.html

http://www.bbc.com/news/politics/constituencies/W07000064

http://www.bbc.com/news/election/2017/results


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