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A democracia se faz valer na Albânia


Inicialmente previstas para ocorrer no dia 18 de junho (18/06), as eleições parlamentares albanesas foram remarcadas para o dia 25 deste mês. A decisão pelo adiamento foi tomada após a realização de um boicote parlamentar, no qual os partidos de oposição decidiram não se registrar para as eleições. Lulzim Basha, líder do Partido Democrático da Albânia e protagonista do boicote, defendeu que não participaria de uma "eleição ditada pelo crime" e que esses seriam "os últimos momentos da velha república".

Após rodadas de negociações entre o Partido Democrático e o Partido Socialista, maioria no parlamento albanês, ambos os lados chegaram a um acordo, definindo que as eleições seriam realizadas no dia 25 de junho (25/06) e estabeleceram um novo prazo para o registro dos partidos de oposição junto à comissão eleitoral.

Sistema eleitoral

A Albânia é uma república parlamentarista, na qual o poder executivo é delegado ao Gabinete, presidido pelo primeiro-ministro, enquanto que o Presidente assume posição de chefe de Estado. De acordo com a Constituição de 1998, a eleição para presidente é feita indiretamente, através do voto secreto dos membros do parlamento e somente precisando de uma maioria simples para alcançar o posto, cujo duração é de 5 anos e possibilidade de até dois termos consecutivos. Assim como no Reino Unido, o parlamento albanês é eleito através de circunscrições, votos regionais que representam as 12 divisões do país albanês, estipuladas pela constituição.

Principais partidos

- Partia Socialiste e Shqipërisë (PS):

O Partido Socialista da Albânia é um partido social-democrata, fundado em 1991 como o sucessor do Partido Comunista Albanês. Até 2005, o partido era liderado por Fatos Nano, um dos fundadores da legenda, o qual resignou após perder as eleições de 2005. Sob a liderança de Edi Rama, o PS conseguiu se desvencilhar da figura de oposição em 2013, quando alcançou a maioria dos assentos nas últimas eleições parlamentares, através da formação da “Aliança para uma Albânia Europeia”, contando com o apoio de mais 37 partidos políticos. A campanha do prefeito de Tirana foi construída em quatro pilares: a integração europeia; revitalização econômica; restauração da ordem pública; e a democratização das instituições estatais.

As eleições no dia 25 não devem trazer muitas mudanças nas reinvindicações do partido socialista. Dentre as propostas, estão presentes a implementação de uma taxação progressiva, um sistema de saúde universal e o apoio, expressado pelo primeiro-ministro Rama, aos direitos LGBT.

- Partia Demokratike e Shqipërisë (PD):

O Partido Democrático da Albânia é um partido político conservador. Hoje protagonista do impasse político no parlamento albanês, a legenda foi criada em 1990 e compôs a primeira legenda de oposição no país. Sua primeira posição de poder político foi firmada nas eleições de 1992, quando garantiu a maioria dos assentos no parlamento. Em 1996, o PD repetiu o feito conquistado quatro anos antes e se estabeleceu como o maior partido do país. Na eleição de 2005, alcançou nova proeminência no governo ao formar uma coalizão com 79 dos 140 assentos no parlamento e assim eleger para o cargo de primeiro-ministro o líder do partido Sali Berisha. A principal conquista celebrada pelo partido durante o governo de Berisha foi a adesão da Albânia à OTAN em 2009, juntamente com a Croácia.

Em 2013, liderando a “Aliança pelo Emprego, Prosperidade e Integração”, formada majoritariamente por partidos de centro e centro-direita, Berisha perdeu a eleição para a aliança formada pelo partido socialista e resignou do cargo de líder da legenda. As eleições de 2017 representam para o partido uma oportunidade de saída do posto de partido de oposição e de retorno ao governo. Sob a liderança de Lulzim Basha, o PD mantém atualmente uma distância de 15% do primeiro colocado nas intenções de voto, o partido socialista.

- Lëvizja Socialiste për Integrim (LSI):

Estabelecido em 2004, o Movimento Socialista pela Integração ganhou destaque no cenário nacional em 2009, ao se aliar com o Partido Democrático para formar um governo de coalizão. A utilização do termo “movimento” advém tanto do interesse da legenda de se diferenciar dos outros partidos no país como da promoção de uma mensagem mais “aberta e inclusiva” aos eleitores. Uma das medidas adotadas pelo LSI para propagar essa mensagem foi a implementação do sistema “um membro, um voto” na eleição de 2005 para líder do partido, na qual Ilir Meta foi eleito através dos votos diretos dos membros do partido. Meta continuou à frente do LSI até abril de 2017, quando ganhou a eleição presidencial e resignou do partido, dando lugar à Petrit Vasili, considerado proeminente dentro do partido. Nessas eleições, o Movimento Socialista pela Integração aparece em terceiro lugar nos últimos dados divulgados, contabilizando 12% das intenções de voto.

- Lista e Barabartë:

Após discutirem com Edi Rama sobre novas eleições dentro do partido socialista, os ex-membros do PS Ben Blushi e Mimoza Hafizi fundaram em 2016 o Partido Libra. Em sua inauguração, Blushi argumentou que o partido consiste nos pilares da Liberdade, Conhecimento e Equilíbrio, argumentando que o Libra é uma “alternativa para dar um fim ao fluxo de emigração de albaneses”. Apesar de ser uma legenda relativamente nova, o partido já aparece nas últimas pesquisas como quarto nas intenções de voto, podendo alcançar até três assentos no parlamento.

Prognósticos e futuro:

O PS aparece liderando em todas as pesquisas feitas com os eleitores albaneses, mostrando que apesar de críticas feitas pela oposição sobre ser um governo "criminoso", além de dissidências internas que formaram outros partidos, o sucessor do Partido Comunista do país ainda é uma força no cenário político nacional. Nem a tentativa de atrasar, ou barrar, as eleições, o atual governo se mostra estável e satisfatório o suficiente para a população que está renovando seu mandato, demonstrando confiança.

As principais questões que envolvem o cenário político no país são os escândalos de corrupção que já foram um dos principais pontos atacados pela oposição. Também se discute muito o futuro do país em relação à União Europeia, visto que o país é membro da OTAN desde 2009 e outros da região vêm sendo integrados ao órgão europeu. Tanto o PS quanto o PD são favoráveis à essa posição, sendo pró-europeístas. Contudo, o que os difere nessa questão é que o partido governista tenta superar as questões nacionalistas com a entrada na UE, enquanto o PD ainda mantém essa pauta como um ponto relevante de seu programa, mesmo com a integração regional.

O resultado mais provável é a manutenção do governo, com a continuidade do projeto já carregado de investimentos do setor público e medidas mais progressistas no âmbito social, como um possível debate sobre a legalização do casamento LGBT. Contudo, o tempo nós mostrou que nenhuma eleição está garantida, então devemos esperar pelo resultado, que deve sair no próprio dia ou na própria semana.

Fontes:

http://www.worldpolicy.org/blog/2013/06/28/left-wing-socialist-party-regains-power-albania

http://www.balkaninsight.com/en/page/albania-home

http://news.bbc.co.uk/2/hi/europe/8023127.stm

http://www.albaniannews.com/index.php?mod=3&idr=2

http://www.albaniannews.com/index.php?idm=9324&mod=2

http://www.respublica.al/2017/06/06/sondazhi-i-piepoli-ps-qeveris-e-vetme?foto_album=0#gallery_photo

http://www.oranews.tv/vendi/ora-news-dhe-ipr-marketing-neser-sondazhi-i-pare-per-25-qershorin/

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